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Tuesday, March 18, 2014

CO2 Caseiro - pesquisa, receitas e técnicas

Desde que instalei o novo aquário de 300L em junho do ano passado, tenho andado a tentar equilibrar o novo tipo de luz (sistema LED 20W-120W completo), níveis de co2 e nutrientes, e a circulação de água.

Uma vez que sou, em muitos casos, um maníaco do DIY, só compro as coisas quando não vale mesmo a pena tentar fazer (mesmo assim nalguns casos faço só para saber que é possível fazer), tenho andado a investir algum tempo em investigação de receitas de CO2 caseiro.

O acima destacado justifica o que se segue, portanto a solução “meter CO2 pressurizado” está de parte – felizmente tenho possibilidades para o fazer, mas não me parece que chegue a isso… e não me agradam as garrafas pressurizadas dentro de portas.

Cheguei a uma fase que considero avançada, e em que chegou o momento de partilhar (e discutir com quem quiser) o que tenho verificado. Muitas destas coisas muita gente já sabe, tem ou faz, para outros serão surpresa ou novidade, e com algum jeito ainda aprendo eu alguma coisa também.

Comecei com a receita normal, açúcar (300-400g) em água com levedura de padeiro e bicarbonato de sódio para estabilizar o pH, que dava entre duas a três semanas, com um fim de produção abrupto.

  • Vantagens – rápido de preparar, e barato
  • Desvantagens – inconstante, e insuficiente para aquários de tamanho razoável (digamos acima de 100 litros?)


Passei depois à receita de gelatina, com preparação de 2 saquetas e 500 g de açúcar com um pouco de bicarbonato de sódio, solidificação da gelatina na garrafa, água no topo com açúcar e fermento de padeiro. Durava até 6 semanas cada garrafa, já com melhor desempenho, sem um arranque tão intenso e com uma curva mais suave até deixar de produzir Co2.

  • Vantagens – dura mais tempo e é mais constante
  • Desvantagens – a “gosma” é muito enfadonha de preparar, suja muita coisa, mais cara, e continua a ser insuficiente para aquários de tamanho razoável

Entretanto, mantive a investigação sobre o assunto, e vi que em vários fóruns, alguns defendem o uso do arroz ou outros alimentos, de modo a que as leveduras tenham disponíveis açúcares ou nutrientes mais complexos, que lhes permitam manter a fermentação mais tempo. Isso implica, no entanto, maior tolerância das leveduras ao álcool, que é outro dos subprodutos da fermentação, e a levedura de padeiro já não será o ideal.

Além disso, vi referências a usar magnésio e também fertilizante de plantas (algo relacionado com os minerais, nitrogénio potássio etc. de que as leveduras necessitam – nunca testei isto).

Assim, consegui obter alguma levedura de vinho/cerveja, e passei a usar ¼ da garrafa com arroz de trinca no fundo, uma colher de sobremesa de bicarbonato de sódio e outra de sulfato de magnésio, e com 300g de açúcar consigo mais de 30 dias de produção relativamente estável de CO2.

Uso muito pouca levedura, meia colher de café, nem isso. E assim tem sido há vários meses. O arroz está a ser consumido, porque os grãos vão-se tornado mais finos à medida que o tempo passa. Melhor ainda, fica sempre uma cultura de levedura no fundo junto com o arroz, e o arranque da próxima garrafada é inferior a 1 hora!

  • Vantagens – dura mais tempo, e é muito mais constante, e o trabalho de preparar é igual ao da receita tradicional
  • Desvantagens – continua a parecer ser insuficiente para aquário de tamanho razoável, uso 3 garrafas de 2L em paralelo, que vou reabastecendo alternadamente de 2 em 2 semanas, aproximadamente.


A 300g de açúcar por garrafa, com uma produção de 135g de CO2 (45% do açúcar usado na fermentação? – não tenho a certeza, já vi outras proporções…), e na realidade aproveitamento de 40%  (10 horas em 24 horas) dessa produção, estaria eu a injectar no aquário 150-200g por mês de CO2?

Pelos consumos que tenho visto referidos, é pouco CO2 , e é também o que as plantas me têm demonstrado. E com a iluminação LED, as plantas precisam mesmo de CO2, tenho o sistema a 30W para evitar clorose e algas.

Ultimamente, experimentei colocar uma colher de sopa de farinha, que me pareceu dar mais algum tempo de produção, e mesmo alguns pedaços de pão seco (vale tudo!) – estes acho que não fizeram grande diferença.

Entretanto há dias cortei em pedaços 200g. de batatas e reabasteci uma das garrafas com esses 200g, e a restante receita (sem a farinha) mas com 200g de açúcar. Duvido que saia vodka…

No primeiro dia não parecia ser muito diferente - até começar a fermentação das batatas. A garrafada ficou com aspecto de bebida gaseificada e fez muita espuma (que passou para o filtro de água mas não para o aquário). Tive inclusivamente de retirar água dessa garrafa, e na próxima dose vou usar só 100g de batatas.

Receita que estou a usar nesta altura:
1 garrafa de refrigerante de 2 litros
¼ de garrafa de arroz de trinca
100g de batatas aos cubos (para passar no gargalo)
200g de açúcar
1 colher sobremesa de bicarbonato de sódio
1 colher sobremesa de sulfato de magnésio
½ colher de café de levedura de vinho/cerveja
1 litro de água – o espaço que sobra será necessário para a espuma que se forma, se acontecer como no meu caso

Usem sempre um filtro de água, e, na dúvida, façam um teste de umas horas sem ligarem o sistema ao aquário – depois não se venham queixar de líquido ter entrado no aquário...

O problema da dissolução do CO2 foi também abordado desde o início, com a maior preocupação com a necessidade de paragem nocturna da injeção de CO2 no aquário, tendo estabilizado num sistema de powerhead que liga com as luzes, e que durante a noite deixa borbulhar o CO2 para a superfície, sem praticamente se dissolver na água. A powerhead está ligada a um pequeno reactor de 3 bioballs.

Mesmo assim tenho de arejar a água de noite, dada a massa de plantas e o consumo de oxigénio que implicam. Os peixes junto à superfície deram-me essa indicação.

Ora bem, se o aquário estiver iluminado 9-10h por dia, significa isto que cerca de 60% da produção de CO2 está a ser desperdiçada com a paragem da powerhead durante a noite – surgiu o problema seguinte - como armazenar o CO2 que vai borbulhando para utilizar no fotoperíodo. Aliás nem fazia ideia de quanto CO2 estava o sistema a produzir, veremos adiante.

Como tenho a powerhead montada “ao contrário” com a puxada de água virada para cima, o CO2 que enchia o reactor de noite acabava por preencher o tubo para a powerhead e borbulhar por ali. Instalei uma garrafa pequena, de 0,5l, invertida, a fazer de campânula sobre a entrada da powerhead, garrafa essa que encheu num instante, durante a noite.

Dentro da garrafa coloquei a ponta do arejador da powerhead, para puxar CO2 de dentro da campânula/garrafa quando a powerhead ligasse no dia seguinte, e a protecção da entrada da powerhead está um pouco dentro da campânula, de modo a puxar essa água para o reactor e aumentar a dissolução.

Entretanto mudei a campânula para uma garrafa de 1,5litros (a fixação no interior do aquário não foi simples) que me parece encher em apenas 8-9 horas, devendo ainda desperdiçar umas 6-7 horas de CO2. Acho que consegui passar a injectar 18-20h de produção no espaço de fotoperíodo – poderei ter passado para os 300-400g/mês.

Isto começou este fim de semana, só se vão ver efeitos daqui a vários dias. Além disso, coloquei mais uma powerhead 600l/h para resolver a fraca circulação de água que tinha nalguns pontos do aquário, e isso também vai ajudar.

A 1.96g/litro de CO2 (não tenho a certeza deste valor), deverei ter uma produção de 4.5-5l/dia, cerca de 9-10g de CO2. Isto daria perto de 300g por mês, mas longe ainda dos consumos que tenho visto para 300 litros, qualquer coisa entre 500g e 1.500g conforme o nível ”tech”.

Entretanto, continuo a tentar parar o fluxo de Co2 durante a noite, e controlar a descarga no início do fotoperíodo através de uma válvula solenoide e regulador de agulha – isso implica, com as batatas e a espuma que produzem, um recipiente de maior volume (vou passar para 5 litros) e uma válvula de descarga de pressão (para evitar surpresas desagradáveis).

Um pulverizador de jardim tem estas características e já comprei um por 10€. Mesmo o CO2 que for ejectado da válvula de segurança irá ser aproveitado para o sistema, ou para esta campânula ou para a anterior de 0,5L, conforme o volume de gás ejectado.

Aqui fica uma foto do sistema:


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